Sabem o anúncio da L'oreal em que elas dizem esta frase? E o anúncio do leite que dizia que se eu não cuidar de mim, quem cuidará?
A verdade é que, mesmo com toda a publicidade, livros de auto-ajuda e amigos, às vezes é difícil acreditar que merecemos, que temos direitos, que podemos guardar a melhor parte para nós, que podemos ser felizes. Custa interiorizar! Acabo sempre por guardar o melhor para depois. A melhor roupa, a melhor carteira, as melhores férias... Haverá sempre um depois em que vou merecer mais. Penalizo-me e acho sempre que não estou à altura, que não sou boa o suficiente.
Há uns tempos atrás decidi procurar ajuda e deram-me a conhecer dois livros que mudaram um pouco a minha vida. Um dos livros, da autora Olga Castanyer, fala sobre Assertividade e, de certa forma, desmistificou algumas crenças irracionais que eu tinha e, embora tenha interiorizado na altura, muitas vezes esqueço-me do que li e de ir aplicando no dia-a-dia...
As ideias irracionais, enunciadas por Albert Ellis nos anos 50, são apelidadas de "irracionais" pois não obedecem a uma lógica nem são objectivas. Trata-se de noções da realidade que temos como certas, mas que são apenas comportamentos erróneos que nos prejudicam no dia-a-dia. São eles:
"1 - O ser humano tem necessidade de ser querido e aceite por toda a gente;
2 - A pessoa tem de ser muito competente e capaz de resolver todas as situações para se considerar útil e necessária;
3 - Há gente má e desprezível que deve ter o que merece;
4 - É horrível que as coisas não aconteçam exactamente como nós gostaríamos;
5 - A desgraça humana é devida a causas exteriores e é impossível, ou quase impossível, controlar os desgostos e contrariedades;
6 - Se alguma coisa é ou pode vir a ser perigosa ou temível, é necessário preocuparmo-nos muito e projectar constantemente a possibilidade de isso acontecer;
7 - Algumas dificuldades ou responsabilidades pessoais são mais fáceis de evitar do que enfrentar;
8 - As pessoas precisam sempre de alguém mais forte do que elas em quem possam confiar;
9 - Um acontecimento passado tem uma importância determinante no comportamento presente, porque se alguma coisa nos afecta, continuará a afectar-nos indefinidamente;
10 - Devemos estar permanentemente preocupados com os problemas dos outros."
A par destas ideias erradas, no livro são também enunciados os direitos assertivos que nós temos. Todos temos estes direitos, mas muitas vezes nos esquecemo-nos deles à custa da nossa própria auto-estima.
"1 - O direito de ser tratado com respeito e dignidade;
2 - O direito a ter e expressar sentimentos e opiniões próprias;
3 - O direito a ser escutado e tomado a sério;
4- O direito a julgar as minhas necessidades, estabelecer as minhas prioridades e a tomar as minhas próprias decisões;
5 - O direito a dizer "NÃO" sem culpa;
6 - O direito a pedir o que quero, consciente de que também o meu interlocutor tem direito a dizer "não";
7 - O direito de mudar;
8 - O direito de cometer erros;
9 - O direito de pedir informação e ser informado;
10 - O direito a obter aquilo que paguei;
11 - O direito a decidir não ser assertivo;
12 - O direito a ser independente;
13 - O direito a decidir o que fazer com os bens bens, corpo, tempo, etc., desde que não viole os direitos dos outros;
14 - O direito a ter êxito;
15 - O direito a gozar e a desfrutar;
16 - O direito ao meu descanso, isolamento, sendo assertivo;
17 - O direito a superar-me, ainda que superando os outros."
E vocês conheciam estes direitos? Respeitam-nos?
"Se sacrificamos os nossos direitos com frequência, estamos a ensinar os outros a aproveitar-se de nós", P. Jakubowski.